Atualização da NR-1 também impacta estagiários e aprendizes no ambiente de trabalho 3 de julho de 2025 • Notícias Destaques Notícias do CIEEPR

Por Francine Simão, coordenadora de Gente e Gestão do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE/PR).

Em maio deste ano, entrou em vigor uma das atualizações mais significativas da legislação brasileira de segurança e saúde no trabalho: a nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). O texto, que estabelece diretrizes gerais e trata do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), marca uma transição importante no entendimento e na prática da prevenção de riscos no ambiente profissional.

Entre as mudanças está a ampliação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) pelo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que inclui não apenas a identificação de riscos físicos e acidentes, mas também medidas voltadas à preservação da saúde mental, como a prevenção de jornadas excessivas e do assédio moral.

Essa atualização reforça a lógica de gerenciamento contínuo dos riscos ocupacionais e exige das empresas uma postura mais ativa e estratégica na prevenção. Para isso, é fundamental investir constantemente na capacitação das equipes, incluindo estagiários e aprendizes no planejamento e execução das ações previstas no PGR. Ainda que esses profissionais não tenham vínculo trabalhista tradicional, eles estão sujeitos às mesmas condições que os demais colaboradores e, portanto, devem ser contemplados pelas diretrizes do PGR, no que diz respeito à gestão de riscos.

A nova NR-1 é clara ao determinar, inclusive, que os treinamentos obrigatórios devem ser estruturados com base em competências, ou seja, precisam considerar a função desempenhada, o nível de experiência e o ambiente no qual o trabalhador está inserido, o que se aplica diretamente à realidade de quem está em processo de formação prática.

Por isso, é preciso que as empresas repensem a maneira como preparam os estagiários e os aprendizes para atuarem com segurança física e mental. Treinamentos genéricos e padronizados para toda a equipe já não são suficientes. Os conteúdos devem estar alinhados ao grau de maturidade técnica e emocional desse público, especialmente quando se trata de jovens em seu primeiro contato com o mundo do trabalho.

Nesse contexto, o alinhamento entre empresas e instituições de ensino torna-se ainda mais relevante. Ações educativas contextualizadas, que associam riscos a situações reais do cotidiano, são mais eficazes. A linguagem, o formato e a metodologia devem considerar tanto as atividades práticas quanto o estágio de desenvolvimento humano e profissional desses jovens. A possibilidade de treinamentos híbridos (presenciais e on-line) também amplia o alcance e a flexibilidade das ações educativas.

Diante dessas mudanças, é essencial que as organizações revisem seus protocolos internos e garantam que a segurança no trabalho seja uma responsabilidade compartilhada por todos, independentemente do tipo de contrato. Estagiários e aprendizes devem ser vistos como participantes ativos da cultura de prevenção.

Preparar esses profissionais desde o início é investir em ambientes mais seguros, conscientes e humanos. Assim, quando a fiscalização e aplicação de sanções começarem, a partir de 2026, as empresas estarão prontas para atender às exigências legais e promover ambientes de trabalho mais saudáveis e integrados à lógica do cuidado coletivo.

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