2026 se desenha como um ponto de virada: IA generativa entrando de vez no fluxo de trabalho, requalificação em larga escala, bem-estar como pilar de performance e a pressão positiva por resultados ESG tangíveis. Abaixo, um panorama das 10 tendências que mais devem impactar a gestão de pessoas, com passos práticos para começar agora.
1) IA copiloto no dia a dia (sem abrir mão do “toque humano”)
A IA deixou de ser conceito e virou ferramenta de produtividade (redação, análise, sumarização, triagem de currículos, resposta a tickets). Em 2024, a Microsoft observou que a maioria dos trabalhadores já usa ou quer usar IA no trabalho para automatizar tarefas e ganhar tempo cognitivo.
O que fazer
- Defina casos de uso claros por função (ex.: recrutamento, L&D, atendimento interno).
- Treine times para “engenharia de prompts” e revisão crítica (humano no comando).
- Estabeleça política de IA responsável (fontes, dados sensíveis, vieses e auditoria).
2) Requalificação e upskilling contínuos (learning in the flow of work)
As exigências de habilidades mudam rápido: a LinkedIn indica que os “conjuntos de skills” dos cargos mudaram ~25% desde 2015 e devem dobrar até 2027.
O que fazer
- Mapeie habilidades por família de cargo e crie trilhas modulares (microcertificações).
- Integre L&D ao trabalho (nuggets de 5–10 min, mentoria, comunidades de prática).
- Priorize “power skills” (comunicação, resolução de problemas) junto às técnicas.
3) Contratação e crescimento “skills-based”, não só “role-based”
Seleção e mobilidade interna ganham eficiência quando o foco sai do diploma e vai para evidências de habilidade (projetos, portfólios, badges, avaliações práticas). O efeito colateral positivo é aumentar diversidade e ampliar o funil de talentos.
O que fazer
- Reescreva descrições de vaga priorizando habilidades e outputs.
- Use avaliações práticas/“work sample tests”.
- Crie marketplaces internos de talentos para “match” de projetos.
4) Rotatividade custa caro: retenção orientada por dados
Turnover segue entre os maiores destruidores de valor. Empresas de alta maturidade medem custos (recrutar/treinar/substituir), mapeiam riscos por time e atuam preventivamente (carreira, reconhecimento, flexibilidade).
O que fazer
- Construa um “painel de saúde de talentos” (saídas, motivos, tempo de rampa, NPS colaborador).
- Institua “stay interviews” trimestrais.
- Amarre bem-estar, carga de trabalho e metas de equipe.
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5) IA eleva o “prêmio de habilidades” (e a disputa por talentos digitais)
A procura por skills de IA disparou; a PwC identificou que vagas que pedem habilidades de IA cresceram 3,5x mais rápido do que as demais desde 2016 e, em alguns mercados, pagam até 25% a mais.
O que fazer
- Ofereça trilhas de IA para todas as áreas (não só TI).
- Estruture incentivos (carreira, reconhecimento, projetos) para reter quem aprende rápido.
- Reforce parcerias com universidades e programas de aprendizagem/estágio.
6) ESG saindo do discurso: impacto social via portas de entrada (estágio & aprendizagem)
A agenda ESG efetiva aparece na forma de oportunidade: ampliar acesso ao mundo do trabalho, desenvolver jovens e profissionais 50+, e medir resultados sociais. Isso alinha reputação, engajamento e funil de talentos de longo prazo.
O que fazer
- Estabeleça metas anuais de contratação/qualificação de aprendizes e estagiários (incluindo 50+).
- Relate indicadores (acesso, permanência, efetivação, trilhas de capacitação).
- Integre fornecedores e comunidade (cadeia de valor diversa).
7) Bem-estar e saúde mental como drivers de performance
Sem segurança psicológica, não há inovação. Programas maduros combinam políticas (carga, pausas, férias), capacitação de lideranças e acesso a suporte, com métricas de adoecimento e produtividade.
O que fazer
- Treine líderes em conversas difíceis, feedback e gestão de carga.
- Ofereça apoio (assistência psicológica, trilhas de autocuidado) e meça uso/satisfação.
- Ligue bem-estar a metas realistas e autonomia.
8) Híbrido 2.0: desenhar trabalho, não só presença
A disputa “escritório vs remoto” perde espaço para o design do trabalho: quais tarefas solicitam sincronia/presença? Quais funcionam melhor assíncronas? Equipes de alta performance desenham rituais, SLAs (Acordo de Nível de Serviço) e janelas de colaboração.
O que fazer
- Combine “acordos de time” (horários, núcleo, canais, respostas).
- Projete semanas com blocos de foco e momentos de colaboração profunda.
- Avalie por entregas, não por horas visíveis.
9) Talento interno primeiro: mobilidade e carreira em “rede”
A escassez de habilidades empurra empresas a olhar para dentro antes de contratar fora. Marketplaces internos, projetos temporários e trilhas de carreira horizontais aceleram o desenvolvimento e reduzem tempo para preencher vagas críticas.
O que fazer
- Lançar um marketplace de projetos internos.
- Tornar visíveis trilhas de carreira (transições laterais e promoções).
- Reconhecer mentores e gestores que “exportam” talentos.
10) Planejamento de força de trabalho orientado por cenários
O Fórum Econômico Mundial projeta realocação significativa de empregos até 2030 com a adoção de IA — milhões de funções se transformando e novas sendo criadas — exigindo planejamento ativo de skills e transições.
O que fazer
- Rode cenários (12–24–36 meses) e mapeie “skills gaps” por área.
- Conecte planejamento de headcount a portfólio de L&D e parcerias educacionais.
- Reserve orçamento para transição (reskilling) em áreas críticas.
Como começar em 90 dias (checklist rápido)
- Governança de IA: política + 3 casos de uso por área + treinamento básico.
- Mapa de habilidades: escolha 5 cargos críticos e desenhe trilhas de requalificação.
- Retenção: implemente “stay interviews” e um painel de riscos de saída.
- Portas de entrada: aumente vagas de estágio/aprendizagem (incluindo 50+) e amarre trilhas de capacitação.
- Bem-estar: pilotos de segurança psicológica com líderes e metas de carga realistas.
- Mobilidade interna: crie um “banco” de projetos curtos para match skill-oportunidade.
Gestão de talentos em 2026 é menos sobre “preencher vagas” e mais sobre criar capacidades. Empresas que combinam IA + desenvolvimento contínuo + portas de entrada inclusivas + cuidado com pessoas vão colher vantagem competitiva real com resultados de negócio e reputação.

